A cada dia que passa o absurdo alastra. Cinco países da União estão a expulsar ciganos romenos dos seus territórios: Alemanha, Dinamarca, França, Itália e Suécia. O caso francês é mais discutido pela ênfase dos números (oito mil pessoas) e pela personalidade mediática de Sarkozy.
A discriminação começou no dia em que a Roménia e a Bulgária foram aceites no Clube dos 27. Para suster a emigração de ciganos, a UE paga por ano, à Roménia, quatro mil milhões de euros. Em acumulação, é exigido (em doze países) aos ciganos contrato de trabalho para poderem circular na Europa limpa. Acontece na Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Noruega, Reino Unido e Suécia. Como sempre, a desculpa é a ruptura iminente do Estado Social. Isto não augura nada de bom. Hoje são os ciganos. E amanhã?
Eduardo Pitta
29 de agosto de 2010
HOJE OS CIGANOS. E AMANHÃ?
26 de agosto de 2010
A esperança que veio do fundo
Quando lhes chegou a primeira sonda - ao fim de 17 dias perdidos a 700 metros de profundidade -, mandaram uma mensagem. Bastava ser sinal de vida para Santiago do Chile, a 900 quilómetros de distância, explodir de alegria e buzinas, como aconteceu. Mas a mensagem era mais do que isso: "Estamos bien en el refugio los 33", dizia. Jornalista há décadas, quem me dera ter sabido sempre responder tão bem a "o quê?" e "quando?" (condensados em "estamos bien"), "onde?" ("en el refugio") e "quem?" ("los 33"). A boa informação precisa também de resposta a "porquê?". Pois essa foi a resposta mais brilhante: sendo tão sucinto e exacto o bilhete dizia que o milagre aconteceu porque aqueles 33 homens são sobreviventes. No sentido dos que forçam o destino. Foi, pois, uma mensagem de esperança, a dos mineiros. Isto é, fiquem para trás os 17 dias e fixemo-nos nos quatro meses que faltam, com a broca furando seis metros ao dia, até ao resgate de todos. É possível, garantem-nos outros bilhetes em sentido inverso. Carolina para o pai, Franklin Lobo, 53 anos, que foi internacional de futebol: "Queria mandar-te uma bola, mas não cabe no buraco." Os irmãos de Victor Zamora, de 33 anos: "Fartamo-nos de rir com que o que estás a ganhar em horas extraordinárias." Einstein, no aeroporto de Nova Iorque: "Raça? Humana." Esta última parece não ter a ver com o caso, mas tem: sou eu, orgulhoso dos meus.
FERREIRA FERNANDES
FERREIRA FERNANDES
25 de agosto de 2010
Mafra: Escolas com meia centena de alunos também fecham portas
A duas semanas do início das aulas, os pais das crianças que no último ano lectivo frequentaram a Escola Básica da Roussada, no concelho de Mafra, ainda não sabem como se vai fazer o transporte para a nova escola, no Milharado, a cerca de três quilómetros, nem quem vai pagá-lo. Mas não é só por isso que lhes desagrada a mudança – também entendem que a Escola Básica da Roussada "era e continua a ser boa".
Correio da Manhã
Correio da Manhã
A FORÇA DA REALIDADE.
«José Sócrates aproveitou uma iniciativa do PS para responder ao discurso de Passos Coelho no Pontal. E o que “passou” foi isso mesmo: a resposta à revisão constitucional “neoliberal” do PSD e à recente disponibilidade do principal partido da oposição para abrir uma crise política.
Na aparência, os últimos tempos têm corrido bem a Sócrates. No caso da ‘golden share', Passos Coelho surgiu como antipatriótico; no projecto de revisão constitucional, apareceu como alguém que quer privatizar serviços públicos e facilitar despedimentos; finalmente, no Pontal, o líder do principal partido da oposição perdeu a imagem de responsabilidade manifestada no PEC II e admitiu chumbar o Orçamento e abrir uma crise política. O estado de graça de Passos é passado, sem dúvida. E realmente não se percebe o que levou o líder do PSD, que até estava a beneficiar da imagem de responsabilidade deixada na aprovação dos objectivos do PEC, a inventar sucessivas e desastrosas manobras de demarcação política.» [DE]
Por Pedro Adão e Silva.
Na aparência, os últimos tempos têm corrido bem a Sócrates. No caso da ‘golden share', Passos Coelho surgiu como antipatriótico; no projecto de revisão constitucional, apareceu como alguém que quer privatizar serviços públicos e facilitar despedimentos; finalmente, no Pontal, o líder do principal partido da oposição perdeu a imagem de responsabilidade manifestada no PEC II e admitiu chumbar o Orçamento e abrir uma crise política. O estado de graça de Passos é passado, sem dúvida. E realmente não se percebe o que levou o líder do PSD, que até estava a beneficiar da imagem de responsabilidade deixada na aprovação dos objectivos do PEC, a inventar sucessivas e desastrosas manobras de demarcação política.» [DE]
Por Pedro Adão e Silva.
24 de agosto de 2010
Renováveis já representam 66% da produção de electricidade
Monopólio das Farmacias em Mafra.
Em Mafra existem apenas duas Farmácias, este cenário que até à algum tempo atrás dava perfeitamente para as “encomendas” está a tornar-se insustentável. O número de habitantes abrangido por estes dois espaços comerciais manteve-se praticamente inalterado até meados da década de 2000, a partir daí quando a área urbana de Mafra começa a crescer e o número de habitantes a aumentar as coisas começam a complicar-se. Hoje a Vila de Mafra não se cinge apenas ao seu centro, o crescimento/surgimento de zonas como a Quinta das Pevides ou a Quinta de Sta. Barbara veio trazer um grande afluxo de gente para esta nova zona de Mafra, aqui são poucos os espaços para o comércio dito tradicional e proliferam as grandes superfícies.
Esta falta de planeamento urbanístico, aliado à falta de respeito de quem detém a licença para a abertura de uma nova Farmácia faz com que grande parte das vezes e a qualquer hora do dia seja uma aventura ir a algum destes espaços, gente até à porta, estacionamento difícil e um longo tempo de espera!
Não sei quem detém a nova licença, mas faço o apelo público que de uma forma séria seja equacionado a abertura de uma nova Farmácia, é que os serviços de saúde não são só os Hospitais e Centros de Saude, as Farmácias também fazem parte de um sistema que todos queremos a funcionar bem e correctamente!
Não sei quem detém a nova licença, mas faço o apelo público que de uma forma séria seja equacionado a abertura de uma nova Farmácia, é que os serviços de saúde não são só os Hospitais e Centros de Saude, as Farmácias também fazem parte de um sistema que todos queremos a funcionar bem e correctamente!
16 de agosto de 2010
Da laranja mecânica...
13 de agosto de 2010
Informação
Ruptura conduta elevatória da EE1 da Ericeira
A SIMTEJO informa que durante a madrugada de 12 de Agosto de 2010 ocorreu uma ruptura na conduta elevatória da EE1 da Ericeira.
Esta elevatória conduz as águas residuais da Ericeira para a ETAR localizada em Ribeira d’Ilhas.
Este facto foi comunicado às autoridades com competência de actuação no local, através de fax, pelas 8h30m.
Para a reparação da conduta, a estação elevatória teve que suspender o seu
funcionamento entre as 8h45 e as 15h15m. Às 15h15m o serviço voltou a estar
totalmente regularizado.
Durante este período uma parte do esgoto afluente à EE1 (junto à capela) perdeu-se para o mar, para a praia do Algodio.
Todas as entidades (locais e centrais) foram informadas de imediato, tendo-se
hasteado a bandeira vermelha na praia. De forma a minimizar as perdas de esgoto para o mar, foi operacionalizado, durante a paragem da elevatória, serviço de trasfega de esgoto dessa elevatória para a ETAR, com recurso a 2 camiões da empresa Europressão.
Ainda que a ruptura acontecida não pudesse anteriormente ser prevista, tendo em conta a nossa preocupação ambiental, pedimos desculpa pelos incómodos causados com a execução dos trabalhos, solicitando a melhor compreensão de todos para o facto.
Lisboa, 13 de Agosto de 2010
SIMTEJO – Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão, S.A.
Av. Defensores de Chaves, nº45, 3º piso, 1000-112 Lisboa
Tel. 21.3107900 Fax 21.3107901
A SIMTEJO informa que durante a madrugada de 12 de Agosto de 2010 ocorreu uma ruptura na conduta elevatória da EE1 da Ericeira.
Esta elevatória conduz as águas residuais da Ericeira para a ETAR localizada em Ribeira d’Ilhas.
Este facto foi comunicado às autoridades com competência de actuação no local, através de fax, pelas 8h30m.
Para a reparação da conduta, a estação elevatória teve que suspender o seu
funcionamento entre as 8h45 e as 15h15m. Às 15h15m o serviço voltou a estar
totalmente regularizado.
Durante este período uma parte do esgoto afluente à EE1 (junto à capela) perdeu-se para o mar, para a praia do Algodio.
Todas as entidades (locais e centrais) foram informadas de imediato, tendo-se
hasteado a bandeira vermelha na praia. De forma a minimizar as perdas de esgoto para o mar, foi operacionalizado, durante a paragem da elevatória, serviço de trasfega de esgoto dessa elevatória para a ETAR, com recurso a 2 camiões da empresa Europressão.
Ainda que a ruptura acontecida não pudesse anteriormente ser prevista, tendo em conta a nossa preocupação ambiental, pedimos desculpa pelos incómodos causados com a execução dos trabalhos, solicitando a melhor compreensão de todos para o facto.
Lisboa, 13 de Agosto de 2010
SIMTEJO – Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão, S.A.
Av. Defensores de Chaves, nº45, 3º piso, 1000-112 Lisboa
Tel. 21.3107900 Fax 21.3107901
12 de agosto de 2010
Descarga poluente na Ericeira?
Através do Facebook, mais concretamente na pagina Ericeira Azul tive conhecimento de uma descarga em São Sebastião, isto em pleno dia!
Os esgotos foram parar ao mar, isto em plena época de praia!
A empresa em causa está identificada, é urgente esclarecer o que aconteceu!
A soldado desconhecida.
Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude. Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas." Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos. Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra?
Ferreira Fernandes, DN, 12.08.10
11 de agosto de 2010
XXII FexpoMalveira
Estive ontem na inauguração de mais uma edição da Fexpomalveira este ano dedicada ao Associativismo. Este evento que já é uma importante marca do Concelho de Mafra e da Vila da Malveira atrai todos os anos milhares de visitantes que têm oportunidade de ter um vislumbre da actividade económica do Concelho, que mesmo com as dificuldades que todos atravessamos faz questão de marcar presença.
É reconfortante ver e sentir as forças vivas do Concelho de Mafra a contribuírem para o “bem comum”, é para mim importante apoiar e estimular estes eventos.
Parabéns à organização e força para o futuro!
É reconfortante ver e sentir as forças vivas do Concelho de Mafra a contribuírem para o “bem comum”, é para mim importante apoiar e estimular estes eventos.
Parabéns à organização e força para o futuro!
Portugal positivo.
Cerca de 45 por cento da eletricidade produzida em Portugal provém de energias renováveis, destaca hoje o jornal The New York Times que enaltece a aposta do Governo português nesta matéria.
"Quase 45 por cento da eletricidade em Portugal deriva de fontes renováveis, um aumento de 17 por cento face aos últimos cinco anos" escreve o jornal norte-americano que dedica hoje três páginas a esta matéria e faz destaque na primeira página.
Cinco anos depois de o Governo português liderado por José Sócrates ter "embarcado em projetos ambiciosos relacionados com as energias renováveis", o The New York Times refere também "que Portugal espera ser o primeiro país a inaugurar uma rede nacional de carregamento de carros elétricos" já em 2011.» [i]
"Quase 45 por cento da eletricidade em Portugal deriva de fontes renováveis, um aumento de 17 por cento face aos últimos cinco anos" escreve o jornal norte-americano que dedica hoje três páginas a esta matéria e faz destaque na primeira página.
Cinco anos depois de o Governo português liderado por José Sócrates ter "embarcado em projetos ambiciosos relacionados com as energias renováveis", o The New York Times refere também "que Portugal espera ser o primeiro país a inaugurar uma rede nacional de carregamento de carros elétricos" já em 2011.» [i]
9 de agosto de 2010
A tropa em Mafra
Ontem à noite estava eu na Estação de Serviço da A8 no sentido Lisboa/Torres Vedras quando uma conversa entre o caixa e um cliente me chamou a atenção, o cliente queria saber como chegava à Srª. do O, o caixa tentava puxar pela cabeça mas não conseguia explicar, ora lá entrei eu em acção explicando como lá chegar.
Após a devida indicação de como lá ir o homem que tentava buscar aquele belo local do nosso Concelho explicou-me que tinha feito a tropa em Mafra (aparentava ter à volta de 50 anos) , e que tinha daquele local uma recordação daqueles tempos e que ainda nessa noite queria mostrar esse local á sua mulher, falou-me também do convento, da tapada e de outros locais da Vila.
Conto este episódio porque julgo ser importante perceber que também neste aspecto Mafra tem uma excelente oportunidade, foram milhares de homens que passaram por Mafra para aqui prestarem o seu serviço militar, seria interessante encontrar algum tipo de interlocutor para começar a fazer uma serie de encontros de ex-militares que por cá passaram.
A criação de um roteiro cultural e turístico dedicado a estes homens em especial seria com certeza uma mais valia para todos!
Após a devida indicação de como lá ir o homem que tentava buscar aquele belo local do nosso Concelho explicou-me que tinha feito a tropa em Mafra (aparentava ter à volta de 50 anos) , e que tinha daquele local uma recordação daqueles tempos e que ainda nessa noite queria mostrar esse local á sua mulher, falou-me também do convento, da tapada e de outros locais da Vila.
Conto este episódio porque julgo ser importante perceber que também neste aspecto Mafra tem uma excelente oportunidade, foram milhares de homens que passaram por Mafra para aqui prestarem o seu serviço militar, seria interessante encontrar algum tipo de interlocutor para começar a fazer uma serie de encontros de ex-militares que por cá passaram.
A criação de um roteiro cultural e turístico dedicado a estes homens em especial seria com certeza uma mais valia para todos!
5 de agosto de 2010
30 MILIONÁRIOS AMERICANOS DÃO METADE DA FORTUNA PARA FINS HUMANITÁRIOS
«O mayor de Nova Iorque Michael Bloomberg, o herdeiro da rede hoteleira Barron Hilton, o magnata dos media Ted Turner e o realizador George Lucas são alguns dos cerca de 30 milionários que irão dar, pelo menos, metade das suas fortunas para causas humanitárias.
George Lucas pretende ver o seu dinheiro aplicado na educação: “Desde que tenha recursos disponíveis, vou tentar sempre elevar o nível dos estudantes de todas as idades”.
A iniciativa insere-se na campanha “Giving Pledge”, lançada por Bill Gates e pelo investidor Warren Buffett, que tem como objectivo incentivar o compromisso monetário dos americanos mais ricos em relação aos “problemas que mais afectam a sociedade”, como informa o “The Guardian”. » [Jornal de Negócios]
George Lucas pretende ver o seu dinheiro aplicado na educação: “Desde que tenha recursos disponíveis, vou tentar sempre elevar o nível dos estudantes de todas as idades”.
A iniciativa insere-se na campanha “Giving Pledge”, lançada por Bill Gates e pelo investidor Warren Buffett, que tem como objectivo incentivar o compromisso monetário dos americanos mais ricos em relação aos “problemas que mais afectam a sociedade”, como informa o “The Guardian”. » [Jornal de Negócios]
LAMA ATIRADA COMO PROVA DE VIDA
«As palavra são do chefe daqueles que fizeram este bonito serviço: "Na longa vida de magistrado, o PGR nunca conheceu um despacho igual" (Pinto Monteiro, o PGR, ontem ao DN). Nesse despacho, o do Freeport, os procuradores, disse o PGR, "ouviram quem quiseram". Tiveram tempo? Não pediram mais, garante o PGR... Esta história já eu a tinha percebido, mas nunca com o argumento de autoridade que ontem o PGR me deu. Exagero na palavra autoridade, porque o chefe é-o, mas pouco: "[O PGR] tem os poderes da Rainha de Inglaterra", diz o próprio. Isto é, os procuradores não lhe ligam peva. Não ouvindo José Sócrates (podendo tê-lo feito e tendo tido o tempo que quiseram), podem concluir um processo e entregá-lo com insinuações públicas àquele que o processo ignora. Ignora oficialmente mas, já que estamos aqui entre comadres, era giro lembrar que havia 27 coisitas para pôr ao tal Sócrates... Como diz qualquer inimputável basbaque ao microfone de qualquer repórter irresponsável num cenário de faca e alguidar: "Eu ver, nunca vi, mas consta que ela lhe punha os palitos..." Ontem, ficámos a saber que havia também 10 coisitas para perguntar a Silva Pereira. A minha questão é: e amanhã? Tenho resposta. Será a Pereira ou a Sócrates, a Passos ou a Ângelo, a Jerónimo, a Portas ou a Louçã, todos terão direito a perguntas que não lhes serão feitas. Só atiradas como à lama. » [DN]
Por Ferreira Fernandes.
Por Ferreira Fernandes.
4 de agosto de 2010
Dizem que Finjo ou Minto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é,
Sentir, sinta quem lê!
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro
3 de agosto de 2010
Minha Avó querida!
Madrinha, minha Avó querida.
Não me morreste!, não morreste a nenhum destes que aqui estão. Vim a toque de caixa – como dirias – ver se estavas em paz. Bem sei o pouco de gostavas de mariquices, como dizias. Detestavas carpideiras e afins. Se fosses tu a mandar, teria gozado as minhas férias até ao fim. Não vim chorar-te, descansa. Vim beijar-te e ver se estava tudo à tua medida. E ainda bem que vim. Estavas com as mãos como os cangalheiros as põem, enrodilhadas num terço. Cheguei tarde – estava longe – e estavam já cimentadas uma à outra, as tuas mãos. Desprendi-tas para que me desses uma. Ajoelhei-me, que o caixão estava baixo. Chorei lágrimas que não sabia que tinha. Fiquei ali algum tempo, a relembrar o que foste, o que me foste. Não rezei. Porque não sei e porque não acredito que estejas num sítio melhor (aqui chamar-me-ias herege). Acredito apenas no que vejo, na tua face serena e sem dor, o oposto do que a morte te obrigou a mostrar nestes últimos dez anos. Estavas hoje como que a dormir, como dormias antes daquela argola maldita em que tropeçaste se ter empecilhado no teu caminho.
A tua filha, a minha mãe, perguntou-me se eu queria uma cadeira. Disse-lhe que não, à tua filha, minha mãe, que hoje se portou como tu te portarias, como uma mulher de ferro. A minha mãe. Levei-te um livro, em homenagem aos muitos que me compraste. Entreguei-te aquele de significado especial, o que marca a minha união com a mulher que nunca conheceste (já não estás cá há muito). Escrevi-te lá umas frases que nunca vais ler. Foram para mim, o egoísta. O mesmo que te enfiou o livro no caixão. E lá ficaste tu, uma mão agarrada ao terço, a outra ao livro que te dei. Ainda assim, e também por isso o fiz, sei que preferirias ser eu a arranjar-te, em vez de um qualquer desconhecido. E só eu, com a sem-cerimónia que te aprendi, o poderia fazer.
Quero dizer-te que fazes parte de mim, que sou à tua imagem. Para o bem e para o mal, e aqui entre nós que raio de feitio me pegaste, só estou aqui hoje, a escrever estas linhas, porque me criaste de forma a não fazer aquilo a que sociedade – esse ajuntamento de homens e mulheres – nos manda. Não sei se era isso que me querias ensinar, mas foi isso que aprendi.
Pouco te visitei nestes dez anos em que me foste morrendo. Fi-lo pelas razões que saberias explicar melhor que eu. Detestarias que te visse assim. Que eu te visse assim. Frágil, dependente, o oposto da mulher que sempre foste. Ainda assim, soltaste o teu sorriso algumas vezes (o teu sorriso bonito – antes do teu bisneto nascer era o mais lindo do mundo). Quando te pus o nosso Francisco de sete dias nas mãos, sorriste-lhe e sorriste-me. Quando te ergui daquele sofá malvado para apanhares sol, sorriste-me. Das vezes em que não me reconheceste, fui-me embora em teu respeito. Por respeito a ti. E quando voltava, contra a vontade que terias e já não tinhas, fazia-o para ver se te apanhava como eras. Não te queria trair, vendo-te como já não eras e como não quererias que te visse. Fi-lo algumas vezes, desculpa, mas a esperança de te ver sorrir era mais forte do que eu.
Hoje, que dizem me que me morreste, no dia em que a carne fenece, depois de te beijar a testa e de te pegar na mão e de chorar como o teu menino chorava, fui percorrer os nossos caminhos. Fui sentir os nossos espaços. Os armários da nossa casa tinham minguado. Estavam pequeninos. Lá continuava aquela lata do pão, azul de tampa branca, donde tiraste o pão para as milhões de sandes que me fizeste. Procurei as facas com que os cortavas – aos pães – e lhes barravas a manteiga. Lá estavam elas, as mesmas. Mexi nos teus pratos, nas tuas louças, subi ao quarto onde já há dez anos não dormias. Estavas em todo o lado.
Fui ao lameiro colher-te uma rosa e coloquei-ta entre os dedos da mão em que permiti o terço.
Estás em todo o lado, meu amor, estás na minha vida todos os dias. Estás aqui a escrever estas linhas, ainda que não pudesses compreender metade delas. Vou ensinar a quem de mim vier o que me foste, também para isso escrevo estas palavras. Vou lê-las na igreja e vou fazer por ouvir a tua tosse cava lá ao fundo. Na mesma igreja para onde me arrastavas. A tosse que era parte do teu ser. Nem imaginas as saudades que tenho te ouvir tossir.
Agora, meu amor – e deixa-me, por uma vez, chamar-te meu amor –, descansa em paz. Ficamos cá para te honrar, para honrar a tua memória e os teus quereres e saberes. A tua menina, minha mãe, que foi tua mãe por dez anos, está em paz. Ela e o teu filho vão cuidar do meu avô, do teu homem. O meu pai, teu genro, está sempre presente, como sempre esteve e está para o que der e vier. A tua neta, minha irmã, vai portar-se à tua altura. Está uma mulher e tem este irmão para lhe fazer o teu pão com manteiga.
Não prometo não chorar mais, dou hoje comigo de lágrima fácil, mas prometo ensinar-te ao Francisco. Ao contrário do que dizem os sinos que dobram lá fora, não nos morreste. Não és mulher de morrer. Daqui para fora, cada uma das mãos que há-de levar o teu caixão é também a tua, porque sem ti nenhum de nós estaria aqui. Nem nenhum de nós faria como é.
Uma última coisa te digo, para além das muitas que hei-de continuar a dizer de ti. Antes de te ler estas palavras que escrevemos a meias, vou mostrá-las ao meu mundo, para que todos saibam que hoje não morreu uma mulher qualquer. De resto, não nos morreste, apenas nos saíste da vista, o mais aldrabão dos sentidos.
Rogério da Costa Pereira no Jugular
Não me morreste!, não morreste a nenhum destes que aqui estão. Vim a toque de caixa – como dirias – ver se estavas em paz. Bem sei o pouco de gostavas de mariquices, como dizias. Detestavas carpideiras e afins. Se fosses tu a mandar, teria gozado as minhas férias até ao fim. Não vim chorar-te, descansa. Vim beijar-te e ver se estava tudo à tua medida. E ainda bem que vim. Estavas com as mãos como os cangalheiros as põem, enrodilhadas num terço. Cheguei tarde – estava longe – e estavam já cimentadas uma à outra, as tuas mãos. Desprendi-tas para que me desses uma. Ajoelhei-me, que o caixão estava baixo. Chorei lágrimas que não sabia que tinha. Fiquei ali algum tempo, a relembrar o que foste, o que me foste. Não rezei. Porque não sei e porque não acredito que estejas num sítio melhor (aqui chamar-me-ias herege). Acredito apenas no que vejo, na tua face serena e sem dor, o oposto do que a morte te obrigou a mostrar nestes últimos dez anos. Estavas hoje como que a dormir, como dormias antes daquela argola maldita em que tropeçaste se ter empecilhado no teu caminho.
A tua filha, a minha mãe, perguntou-me se eu queria uma cadeira. Disse-lhe que não, à tua filha, minha mãe, que hoje se portou como tu te portarias, como uma mulher de ferro. A minha mãe. Levei-te um livro, em homenagem aos muitos que me compraste. Entreguei-te aquele de significado especial, o que marca a minha união com a mulher que nunca conheceste (já não estás cá há muito). Escrevi-te lá umas frases que nunca vais ler. Foram para mim, o egoísta. O mesmo que te enfiou o livro no caixão. E lá ficaste tu, uma mão agarrada ao terço, a outra ao livro que te dei. Ainda assim, e também por isso o fiz, sei que preferirias ser eu a arranjar-te, em vez de um qualquer desconhecido. E só eu, com a sem-cerimónia que te aprendi, o poderia fazer.
Quero dizer-te que fazes parte de mim, que sou à tua imagem. Para o bem e para o mal, e aqui entre nós que raio de feitio me pegaste, só estou aqui hoje, a escrever estas linhas, porque me criaste de forma a não fazer aquilo a que sociedade – esse ajuntamento de homens e mulheres – nos manda. Não sei se era isso que me querias ensinar, mas foi isso que aprendi.
Pouco te visitei nestes dez anos em que me foste morrendo. Fi-lo pelas razões que saberias explicar melhor que eu. Detestarias que te visse assim. Que eu te visse assim. Frágil, dependente, o oposto da mulher que sempre foste. Ainda assim, soltaste o teu sorriso algumas vezes (o teu sorriso bonito – antes do teu bisneto nascer era o mais lindo do mundo). Quando te pus o nosso Francisco de sete dias nas mãos, sorriste-lhe e sorriste-me. Quando te ergui daquele sofá malvado para apanhares sol, sorriste-me. Das vezes em que não me reconheceste, fui-me embora em teu respeito. Por respeito a ti. E quando voltava, contra a vontade que terias e já não tinhas, fazia-o para ver se te apanhava como eras. Não te queria trair, vendo-te como já não eras e como não quererias que te visse. Fi-lo algumas vezes, desculpa, mas a esperança de te ver sorrir era mais forte do que eu.
Hoje, que dizem me que me morreste, no dia em que a carne fenece, depois de te beijar a testa e de te pegar na mão e de chorar como o teu menino chorava, fui percorrer os nossos caminhos. Fui sentir os nossos espaços. Os armários da nossa casa tinham minguado. Estavam pequeninos. Lá continuava aquela lata do pão, azul de tampa branca, donde tiraste o pão para as milhões de sandes que me fizeste. Procurei as facas com que os cortavas – aos pães – e lhes barravas a manteiga. Lá estavam elas, as mesmas. Mexi nos teus pratos, nas tuas louças, subi ao quarto onde já há dez anos não dormias. Estavas em todo o lado.
Fui ao lameiro colher-te uma rosa e coloquei-ta entre os dedos da mão em que permiti o terço.
Estás em todo o lado, meu amor, estás na minha vida todos os dias. Estás aqui a escrever estas linhas, ainda que não pudesses compreender metade delas. Vou ensinar a quem de mim vier o que me foste, também para isso escrevo estas palavras. Vou lê-las na igreja e vou fazer por ouvir a tua tosse cava lá ao fundo. Na mesma igreja para onde me arrastavas. A tosse que era parte do teu ser. Nem imaginas as saudades que tenho te ouvir tossir.
Agora, meu amor – e deixa-me, por uma vez, chamar-te meu amor –, descansa em paz. Ficamos cá para te honrar, para honrar a tua memória e os teus quereres e saberes. A tua menina, minha mãe, que foi tua mãe por dez anos, está em paz. Ela e o teu filho vão cuidar do meu avô, do teu homem. O meu pai, teu genro, está sempre presente, como sempre esteve e está para o que der e vier. A tua neta, minha irmã, vai portar-se à tua altura. Está uma mulher e tem este irmão para lhe fazer o teu pão com manteiga.
Não prometo não chorar mais, dou hoje comigo de lágrima fácil, mas prometo ensinar-te ao Francisco. Ao contrário do que dizem os sinos que dobram lá fora, não nos morreste. Não és mulher de morrer. Daqui para fora, cada uma das mãos que há-de levar o teu caixão é também a tua, porque sem ti nenhum de nós estaria aqui. Nem nenhum de nós faria como é.
Uma última coisa te digo, para além das muitas que hei-de continuar a dizer de ti. Antes de te ler estas palavras que escrevemos a meias, vou mostrá-las ao meu mundo, para que todos saibam que hoje não morreu uma mulher qualquer. De resto, não nos morreste, apenas nos saíste da vista, o mais aldrabão dos sentidos.
Rogério da Costa Pereira no Jugular
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