«As palavra são do chefe daqueles que fizeram este bonito serviço: "Na longa vida de magistrado, o PGR nunca conheceu um despacho igual" (Pinto Monteiro, o PGR, ontem ao DN). Nesse despacho, o do Freeport, os procuradores, disse o PGR, "ouviram quem quiseram". Tiveram tempo? Não pediram mais, garante o PGR... Esta história já eu a tinha percebido, mas nunca com o argumento de autoridade que ontem o PGR me deu. Exagero na palavra autoridade, porque o chefe é-o, mas pouco: "[O PGR] tem os poderes da Rainha de Inglaterra", diz o próprio. Isto é, os procuradores não lhe ligam peva. Não ouvindo José Sócrates (podendo tê-lo feito e tendo tido o tempo que quiseram), podem concluir um processo e entregá-lo com insinuações públicas àquele que o processo ignora. Ignora oficialmente mas, já que estamos aqui entre comadres, era giro lembrar que havia 27 coisitas para pôr ao tal Sócrates... Como diz qualquer inimputável basbaque ao microfone de qualquer repórter irresponsável num cenário de faca e alguidar: "Eu ver, nunca vi, mas consta que ela lhe punha os palitos..." Ontem, ficámos a saber que havia também 10 coisitas para perguntar a Silva Pereira. A minha questão é: e amanhã? Tenho resposta. Será a Pereira ou a Sócrates, a Passos ou a Ângelo, a Jerónimo, a Portas ou a Louçã, todos terão direito a perguntas que não lhes serão feitas. Só atiradas como à lama. » [DN]
Por Ferreira Fernandes.
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