13 de julho de 2006

Cansaço.


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

11 de julho de 2006

1200



O GOVERNO irá processar a Opel pelo incumprimento do contrato estabelecido com o Estado português. Anunciado que foi o encerramento da unidade da Azambuja, já em Dezembro, fonte ligada ao processo garantiu ao EXPRESSO que «serão contratados os melhores advogados do país» no sentido de ressarcir o Estado dos danos resultantes do encerramento desta unidade industrial.
Segundo o vice-presidente da General Motors, Eric Steven, o encerramento desta fábrica faz parte de um plano mais vasto a nível europeu, que permitirá a reestruturação do grupo, uma vez que a GM tem registado fortes prejuízos.
A unidade da Azambuja registou em 2005 uma produção recorde de 73.711 unidades, dos quais 65% de veículos do tipo Combo Van (comerciais ligeiros) e 35% Combo Tour (ligeiros de passageiros).
Em Portugal, preve-se que cerca de 1.200 trabalhadores fiquem no desemprego e que o fecho da fábrica tenha um impacto negativo de 0,6% da riqueza produzida no país num ano.

Expresso

Mais 1200 trabalhadores para o desemprego, a GE é mais um claro exemplo do actual estado da chamada “Economia Liberal” ou como eu prefiro chamar de “Capitalismo Selvagem”.
A deslocalização desta fabrica para Espanha cheira a esturro , após tantas benesses e subsídios vão-se embora, está na hora de dizer basta , já chega que nos andem a tomar por parvos , que o Governo Português saiba fazer frente a este bando de vampiros e que os obrigue a entregar os milhões de Euros que todos nós colocamos nos bolsos de mais uma multi-nacional.
Que a oposição saiba estar à altura e que de facto fique ao lado dos trabalhadores e do Governo e não se aproveite deste triste episodio para fazer “jogo sujo”.

Fruta.



Aonde está o sabor da fruta?
Lembro-me de comer um pêssego que sabia a pêssego, ameixas que sabiam mesmo a ameixas e melancias que eram doces.
Hoje em dia a fruta parece feita em linhas de montagem , é uniforme na cor, forma e cheiro e é uma merda, não sabe a nada .
Quero de volta a fruta saloia, com bicho das mais variadas formas e feitios e com sabor .
Bolas será pedir de mais?

7 de julho de 2006

Pátria
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas-Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

6 de julho de 2006

Obrigado rapazes!


Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente e imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

PIMBA!!!

Eis um blog a não perder: PIMBA

3 de julho de 2006

Marretas.


Gosto de os ver, com o seu ar de quem tudo sabe, quem todos julgam, são eles os donos da verdade.
Gentes de bem, bons católicos, devotos e crentes, não gostam da “maralha”, cobiçam a mulher e sobretudo o carro do vizinho.
Admiram o poder e quem o detêm, gostam de bajular, “lamber umas botas”, porque “nunca se sabe quando vamos precisar deles”.

Conhecem gente assim? Claro que sim, todos conhecemos, eu conheço, e cada vez tenho menos paciência para aturar esses gajos, bolas são piores que os velhos dos Marretas, esses ao menos tinham piada…
Foi bom, muito bom, se há quem se questione sobre o porquê de um pais parar, gente chorar, rir, sair à rua por causa do futebol, fica a resposta :

É PAIXÃO ESTUPIDO!!!