Com o aproximar das eleições legislativas assistimos ao reaparecimento dos cidadãos de primeira classe, gente que se julga superior ao comum dos portugueses e que tem direito a assistir ao processo político sentados na primeira fila. Lembram-me a igreja da minha terra nos tempos da minha infância, as senhoras de bem tinham direito a lugar reservado e cadeira com almofada e encostos de veludo nas duas alas laterais, os seus esposos ficavam de pé junto às portas e o Zé Povinho sentava-se nas cadeiras de pau.
Durante quatro anos estes cidadãos de primeira andaram a fazer pela vida, a coleccionar assessorias, a tratar de aumentar os lucros das suas empresas. Deles não ouvi uma palavra de esperança, uma proposta que não fosse feita a pensar nos seus próprios interesse, uma manifestação de solidariedade com uma proposta do governo ou da oposição, literalmente estiveram-se borrifando para o país e para os portugueses.
Agora que se aproximam as eleições tentam usar os seus nomes sonantes, alguns deles apoiados nos poderosos orçamentos publicitários das empresas que administram, para avaliarem governantes, decidirem decisões públicas e condicionar o futuro governo.
Onde esteve António Carrapatoso e os outros betinhos do Compromisso Portugal quando o crude chegou aos 150 dólares, quando os camionistas barraram as estradas, quando os armadores fecharam as lotas ou quando o sistema financeiro desabou? Enquanto a maioria dos portugueses tiveram que suportar as consequências destas situações de crise, o governo tentou superá-las e alguns políticos da oposição se envolveram criticando ou propondo soluções alternativas onde estiveram os Carrapatosos, os Cunhas, os Hernânis e muitos outros ilustres?
Quando o sistema financeiro desabou sobre a economia mundial deixando um rasto de miséria em todo o mundo o que preocupou personalidades como Carrapatoso? Perderam o seu tempo e puseram os seus vastos conhecimentos ao serviço do país ou andaram meses numa azáfama de reuniões para delinear estratégias com o objectivo de as suas empresas resistirem à crise senão mesmo obter proveitos?
Agora que o pior passou aparecem por todos os cantos, um para avaliar o governo, outros para o país opte por aeródromos para que o dinheiro dos contribuintes seja reservado para investimentos que favoreçam as suas empresas, outros para que os portugueses morram de forma cristã porque sem sofrimento ninguém vai para o Céu.
Se são tão brilhantes, competentes e interessados no país porque o abandonaram nas horas difíceis?
Esta gente anda quatro anos a tratarem dos seus interesses, a assegurar que as suas empresas tenham lucros que lhes proporcionem prémios absurdos e em vésperas de eleições aparecem a dizer que por serem muito bonitos e cremoso têm direito a passar à frente de todos os outros.
Peço desculpa aos que ainda têm a paciência de vir a este blogue mas não resisto à tentação de ser mal-educado, estas vedetas não merecem outro tipo de resposta. Como diria o saudoso Almirante Pinheiro de Azevedo: “vão à bardamerda!”.
Via O Jumento
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