‘Pedro Passos Coelho falou, com amenidade, acerca das alterações ao programa do PSD, que pretende intentar. Acentuou que o mundo está em mudança e que o partido, naturalmente, tem de acompanhar o mundo e a mudança. Para aviso das almas mais sobressaltadas esclareceu que Sá Carneiro, na "sua época", chegara a afirmar que o SPD alemão (o de Willy Brandt) era o seu paradigma e o molde que desejava aplicar ao partido que fundara. Neste momento, Passos Coelho sorriu levemente, e informou ser a CDU germânica o actual arquétipo do actual PSD, reconhecendo, assim, que caminhava, desenvolto, com os tempos novos. (Para os esquecidos, a CDU era o partido de Franz-Josef Strauss, o "toiro da Baviera", e um dos políticos mais reaccionários e perigosos da Europa daquele tempo, um paladino da Guerra Fria e do confronto sem concessões. É, também, o partido de Angela Merkel).
Não me parece que, actualmente, este seja o exemplo mais apropriado de partido e a ideologia mais adequada para enfrentar os nossos dilemas. Há dias, confidenciei, a um amigo comum, que Passos Coelho está a falar de mais e a não dizer rigorosamente nada.’~
Baptista Bastos, O discurso da ambiguidade
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