12 de maio de 2010

Claro que Alegre não desertou

No seu site, ontem: "Manuel Alegre Melo Duarte cumpriu o serviço militar, nomeadamente em África e em situações de combate." Alegre, de quem se dizia que foi um desertor, teve de vir dizer que não o foi, esteve em Angola, em situações de combate, foi preso e mandado regressar a Portugal - de onde, na iminência de ser preso pela PIDE, exilou-se, em 1964. Parecerá uma declaração insólita mas as calúnias que há para aí (o para aí são as caixas de comentários que a Internet permite) obrigaram Alegre a fazê-la. Calúnia batida: ele teria pisado a bandeira portuguesa. Ora Alegre já respondeu a isso e há muito: os seus poemas dos anos 60 são de um homem que amava o seu país. Mas de que vale a palavra contra a insídia? Alegre foi obrigado a vir dizer que não foi um desertor. Eu, que desertei em 1969 e voltaria a fazê-lo se me obrigassem a participar na guerra colonial do lado que não era o meu, sei que ele não foi um desertor (e, já agora, eu também não, mas isso não interessa). Ele não desertou porque teve opinião, por a ter foi preso e teve de se exilar - e não me apetece ter de explicar que ir para o exílio não era o caminho mais fácil. Desertores, nos anos 60, foram os que calaram. Eu, como não sou candidato a nada, estou-me borrifando para as caixas de comentários.

Ferreira Fernades DN

3 comentários:

Praça.do.Sol disse...

No tempo da ditadura, os familiares do regime não desertavam. Pagavam e ou não iam à guerra ou ficavam colocados nos serviços do Estado Maior ou outras repartições militares.

Penso que é passar muita importância aos comentários dos que apesar de 36 anos depois aìnda se esquecem de tomar os medicamentos para a senilidade.

Anónimo disse...

Daqui a bocado é capaz de vir dizer que o Alegrete não esteve ao lado do BE e contra o PS. Ainda vai arranjar argumentos para nos convencer que o "homem" fez aquilo para "acordar" o PS e que não estava nada contra.
Ah! A propósito: se não liga a comentários e eles não valem nada porque os aceita?
Para já ficará a saber que o meu comentário vale pelo menos 1 voto contra o Pateta. Sempre votei PS ou em quem ele apoiava. Esta será a 1ª. vez que o não faço.
Estamos pois empatados 1 a 1. O seu voto contra o meu. Já vê que sempre valho alguma coisa, com ou sem comentários.

Pedro Tomás disse...

Caro "Anonimo", quero chamar a sua atenção para o facto de este texto ter sido escrito por Ferreira Fernandes no DN e publicado por mim por achar o mesmo interessante!