O Jornal Avante é – diz no cabeçalho – o órgão central do PCP. Por isso, as posições expressas, mesmo assinadas individualmente, certamente reflectem uma posição colectiva: a posição do partido. Vem isto a propósito de um texto assinado por Jorge Cadima, no último Avante, no qual o seu autor, num estilo a roçar a demência «de classe» – do tipo «julgam que na Florida há mais democracia do que no Irão? – se coloca religiosamente ao lado do bando de reaccionários dirigidos por Ali Khamenei, do Conselho dos Guardiões e do Conselho de Discernimento do Interesse Superior do Regime iraniano. Cito: «Dizem-nos que houve fraude eleitoral. Também nos disseram que havia armas de destruição em massa no Iraque.» Ou seja, não houve fraude eleitoral no Irão, segundo os comunistas. Em consequência, os protesto do povo iraniano são infundados e a sangrenta repressão está conforme a «legitimidade democrática» do poder instituído. O PCP envelheceu tanto e defende tanto o modelo totalitário soviético que qualquer ditadura, mesmas as mais ignóbeis, são democracias aos olhos dos seus militantes. Já tínhamos, como paradigmático, a «democracia» norte-coreana. Agora, podemos acrescentar a «democracia» iraniana. E, depois, levam dias inteiros no Comité Central à procura das razões da ultrapassagem eleitoral do BE.
Por Tomás Vasques
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