5 de junho de 2009

Ascensão e queda de um Player?

Esta campanha eleitoral foi o que foi. Má, muito má se vista na óptica da mensagem política, da luta ideológica, do esclarecimento. Começou com Vital Moreira a apelar que se falasse na Europa. Receava que as eleições se transformassem na primeira volta das legislativas. O que era mau nos dias que correm. Paulo Rangel, em resposta, disse alto e a bom som, que o queriam amordaçar: José Sócrates e o seu governo estariam no centro das suas preocupações. Vital Moreira tem aquele ar pesado, cinzento mesmo, e é um académico no discurso, mas não é parvo. Transporta muitos anos de política em cima das costas. Se a discussão era sobre temas internos, ele também sabia como tratar o assunto. E teve uma pontinha de sorte: Oliveira e Costa é que escolheu o momento de ir ao Parlamento falar sobre o BPN e o Expresso é que escolheu aquela manchete de primeira página a meio da campanha. Vital Moreira, como um bom surfista, só teve de cavalgar a onda. Rangel ficou, a partir daí, atabalhoado. Menos acutilante. Diminuído. Em poucas palavras: perdeu o gás. Tentou ripostar com o Mota do Eurojust. Mau negócio. O Mota não interessa a ninguém. Fora as elites, ninguém quer saber sobre tricas entre magistrados do Ministério Público. Mas a história do BPN diz respeito a mais de duzentos mil depositantes e a todos os contribuintes. E Vital Moreira fez render o peixe. O 1º de Maio conteve o crescimento dos comunistas do PCP e do BE. O BPN conteve o crescimento do PSD. Os «ódios» político-pessoal de Manuela Ferreira Leite e Paulo Rangel a José Sócrates compuseram o ramalhete: esvaziaram-lhes a lucidez. O que seria previsível era o PSD ganhar estas eleições por todos os motivos e mais algum. Era a penalização quase inevitável da governação em tempos de crise. Sobretudo nestas eleições, como acontece em outros países, nomeadamente em Espanha, no Reino Unido, na Alemanha. Vital Moreira fez uma tal gestão dos temas e dos tempos que se arrisca a ganhar estas eleições lançando o PSD no purgatório. Há quem diga que José Sócrates fez uma má escolha ao apostar em Vital Moreira. Penso que quem assim pensa ainda não percebeu o que se está a passar. Sobretudo, não percebe que Paulo Rangel não esteve à altura deste pequeno desafio. Mas a prova dos nove chega às oito horas de Domingo. Aguardemos.

Tomás Vasques

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