"A 'carta anónima' dirigida à Polícia Judiciária no início de 2005, que incriminava o secretário-geral do Partido Socialista, José Sócrates, e deu origem ao processo Freeport, foi escrita por sugestão da própria PJ. Na verdade, a carta nunca foi anónima, já que o seu autor sempre foi conhecido dos investigadores policiais e chegou mesmo a participar em reuniões com inspectores da PJ", pode ler-se na abertura do artigo de Marinho Pinto. (...)
"A situação, já de si insólita, adquire contornos algo preocupantes, porquanto a ideia da carta 'anónima' parece ter surgido num contexto de encontros e reuniões entre inspectores da PJ, jornalistas e figuras políticas ligadas ao PSD e ao CDS", conclui o bastonário.
Marinho Pinto também estranha a presença de jornalistas nestes encontros - que decorreram no âmbito de uma "averiguação preventiva", um procedimento que está previsto na lei -, uma vez que, antes desses encontros, não foi publicada qualquer notícia sobre o caso, e mais ainda estranha a presença de Miguel Almeida, deputado do PSD e pessoa muito ligada a Pedro Santana Lopes, o principal adversário político de José Sócrates nas legislativas desse ano. A magistrada Inês Bonina, que assinou o despacho de 2006, chegou a admitir que aquele militante social-democrata "tivesse interesse em ver publicada informação que denegrisse a imagem" de José Sócrates."Esse 'caldo político-jornalístico' fez e faz recair as piores suspeitas sobre a génese daquela investigação, sobretudo por se tratar de um ano de eleições legislativas. Essas suspeitas são agravadas pela circunstância de tal investigação ter praticamente 'hibernado' durante quatro anos e só ter ressurgido no início deste ano, precisamente um ano com eleições legislativas, autárquicas e europeias", conclui o bastonário.
O artigo de Marinho Pinto pode ser lido na íntegra aqui
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