Lê-se o que os responsáveis de uma tal Federação Portuguesa pela Vida escrevem e dizem por estes dias e não se acredita.«De facto, as grandes vítimas da liberalização do aborto são as mulheres. Aquilo que todos os dias encontramos são mulheres com depressões, arrastadas, pela situação do aborto», garante Isilda Pegado. Mas como era antes da legalização da IVG?
Corria tudo melhor às mulheres por abortarem no meio de baratas? Ficavam menos deprimidas quando se viam presas? Ou quando chegavam ao hospital para raspagens de emergência e ainda eram insultadas pelos profissionais de saúde mais beatos?Mas é um outro ideólogo da coisa, Pinheiro Torres, a ganhar o prémio da sugestão mais cruel e alucinada: «é um direito das mulheres, que ao menos sejam confrontadas com aquilo que representa uma gravidez. Façam a ecografia e mostrem-na.» Como é típico de quem quer impor as suas ideias sobre vida, morte e moral a toda a gente, este senhor confunde um direito com uma obrigação. E toma as mulheres por imbecis incapazes de perceberem o que estão a fazer sem antes verem uns bonecos. Só faltava mesmo a quem já está prestes a passar por um dos momentos mais difíceis da sua vida ter de levar com malta desta aos urros, com um crucifixo numa mão e um porta-chaves do “Zezinho” na outra.Antes do referendo é que estava tudo bem; ou, pelo menos, bem melhor que agora: «Os senhores da liberalização herdaram um país com as mais baixas taxas de aborto da Europa, como agora se comprova…» E até a fuga do ogre Jardim ao cumprimento da lei é tida por exemplar, estando mal quem impôs a legalidade: «A Região Autónoma da Madeira, durante meses, resistiu à aplicação da lei – folhetim que demonstra bem a prepotência do poder central.»
Cinco Dias
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