"É evidente que acredito em conspirações e que posso identificar algumas do Portugal Contemporâneo. A de 24 de Agosto de 1820, promovida pelo Sinédrio. A da Maria da Fonte e da Patuleia que só frutificaram com a Regeneração de 1851. A de 1910, com base nos Jovens Turcos e na Carbonária. A do dezembrismo sidonista de 1917, com os subsídios do latifundiário alentejano do Partido Unionista, avô de um antigo deputado europeu da actualidade. A do 28 de Maio de 1926 que meteu um conspirador de 1910, acabando usurpada pela ditadura das finanças e das forças vivas. A do 25 de Abril de 1974 que foi mobilizada pelo movimento dos chamados capitães."
(...)
"Hoje, é Freeport, Casa Pia e Apito, o prefeito emérito da Congregação da Causa dos Santos, o grupo de pressão LGT e, sobretudo, o sindicato eterno do elogio mútuo. Fica a explicação conveniente para cada um: a campanha negra contra Sócrates; a cabala contra o PS; o anticomunismo primário; a doença infantil do esquerdismo; a antinação; os revisas; os fachos; as pinoquídas dos jotas e dos jornais partidários; as denúncias da espionite pidesca com periscópio de fora. Por mim, só sei que nada sei. Mas que a hidra da corrupção leva a que o crime compense, não tenho dúvidas. Não acredito em teorias da conspiração, mas que as há, as há. O mundo da razão de Estado e da compra do poder continua a mover-se. E sorrio com estas volutas de uma crise mental. Diz-me que inimigo escolhes e eu dir-te-ei quem és..."
Sobre o tempo que passa
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