«A Oxford Street em Londres é aperaltada por uma dúzia de lojas cheias de cartazes que dizem "Closing Down!", "Últimos Dias!" e "Vítimas da Recessão!".
Já lá estão há mais de 30 anos. Com as mesmas rascas mercadorias. Mas tal é o êxito dos saldos constantes que conseguem sempre adiar por mais uns dias o colapso final.
No PÚBLICO de ontem, a repórter Maria Lopes contava a alegria dos lojistas do Freeport de Alcochete com o último escândalo. Para eles "qualquer tipo de publicidade é boa". Desde que se noticiou, há três anos, que o centro ia fechar, "tem sido sempre a facturar". Para um, "2008 foi o melhor ano".
E se estas histórias de primos e tios de Sócrates, à mistura com aldrabões e jornais ingleses, fossem uma hábil campanha de publicidade viral da Freeport? É que todos temos famílias grandes e há sempre por onde pegar. O leitor sabe o que estão a fazer os seus cunhados, primos e irmãos de leite neste momento? Admirar-se-ia que algum deles andasse metido nalguma marosca? Eu cá não. Só espero que a procissão de ovelhas negras que aí vem acabe com o flagelo das Cow Parades.
Também eu queria espalhar que se me começa a secar a tinta nas canetas, duvidando que restem em mim mais do que vinte ou trinta mil caracteres. A ver se alguém quer aproveitar para me encomendar duas ou três milhenas. Enquanto ainda houver. E a um preço muito especial, claro. »
Miguel Esteves Cardoso, Público
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