"(...)Vejamos: se um clérigo católico diz que os muçulmanos são "como lobos" (suspeita-se da bondade da comparação, embora a espécie, em vias de extinção, desperte cada vez mais simpatia), há logo quem defenda o seu direito a dizer "o que pensa", vilipendiando os seus críticos por dizerem o que pensam; se uma associação ateia diz que não há deuses – "A má notícia é que deus não existe; a boa é que não faz falta", lê-se no anúncio italiano –, fala-se em intolerância. Não vale a pena perguntar que diria a hierarquia católica portuguesa se amanhã aparecesse um autocarro com os escritos "os católicos são como os lobos, não se pode falar com eles". Basta lembrar a fúria com que reage de cada vez que se aventa a retirada dos artefactos publicitários do catolicismo espalhados por escolas e hospitais públicos. Quanto à ideia de que quem censura as palavras do cardeal o faz por defesa do islamismo, padece de um problema simples: o de tratar a questão como se não houvesse exterior à lógica religiosa. E ainda há quem diga que o autocarro ateu não faz sentido."
Fernanda Câncio- Jugular
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