11 de novembro de 2008

Manif.

"Nunca estive numa daquelas manifestações que enchem o Terreiro do Paço, como esta de sábado passado, onde se reuniram os professores. Dizem-me quando se juntam tantas vontades é porque lhes assiste a razão. Mas, se a memória não me prega alguma partida, Oliveira Salazar e Marcelo Caetano também encheram o Terreiro do Paço de manifestantes que os apoiavam. Outros tempos, talvez. Outras vontades, também. Além disso, não valorizo manifestações a favor de governos, mas contra os governos. Estas, para mim, são as manifestações a sério. Por isso, sempre estranhei o facto de, no Malecón de Havana, só se realizarem manifestações de apoio ao governo cubano. E na Praça Vermelha, em Moscovo, no outro tempo, também. E todos sabemos o que aconteceu na Praça Tianamen, em Pequim, quando uns jovens chineses se manifestaram contra o governo. É, por isso, que é muito importante que se realizem manifestações contra os governos. No Terreiro do Paço, em Lisboa; no Malecón de Havana ou na Praça Tianamen, em Pequim. É a democracia a funcionar. Manifestações de apoio a governos só quando a democracia está em causa: foi o caso da manifestação que encheu o Terreiro do Paço, em Agosto de 1975. Aquela em que Pinheiro de Azevedo, da varanda, disse: - é só fumaça. Mas, no fundo, não se tratou de uma manifestação de apoio ao governo, mas contra o gonçalvismo que, estrebuchante, ainda tentava que no Terreiro do Paço nunca mais se realizassem manifestações contra os governos. Mas o gonçalvismo foi derrotado e hoje, passados mais de trinta anos, temos a sorte de se realizarem manifestações contra os governos. Há quem só olhe para o umbigo e esqueça coisas elementares."
Hoje há conquilhas

1 comentário:

Elisiário Figueiredo disse...

As coisas elementares, aqui são o bom senso, a profissão de professor é, desde que levada com a exigência própria do cargo, bastante desgastante, se além da preparação das aulas ainda vamos preencher fichas fichinhas relatórios e outras coisas mais que em vez da mera avaliação, com a qual eu concordo, vai é massacrar os professores com um trabalho extra e não produtivo.