"O PCP, todos sabemos, regressou aos «clássicos», o que corresponde a dizer que, depois de dois momentos «defensivos» – o que se seguiu ao 25 de Novembro de 1975 e, depois, à Perestroika e à queda do muro de Berlim – voltou à ditadura do proletariado. A sua posição contra o Código do Trabalho, em discussão na Assembleia da República, é coerente: eles não querem aperfeiçoar o capitalismo; querem a sua destruição e, sobre as suas cinzas, erguer uma «sociedade nova», onde um código do trabalho não faz sentido porque quem trabalha é a classe dominante e só os «reaccionários» e os «agentes do imperialismo» falam sobre os direitos dos trabalhadores. O Bloco de Esquerda não sabe bem o que quer: se aperfeiçoar o capitalismo, se o destruir; se deve participar em «governos burgueses» ou não. A pequena burguesia urbana é assim: hesitante. É, ideologicamente falando, um caldo entre «guevarismo» «chavismo», «trotskismo» e outras coisas no género. Não sabe para onde quer ir. Entretanto, o «instinto de sobrevivência» diz-lhe que o melhor é estar contra tudo o que facilite a sobrevivência do capitalismo. Também é, no fundo, uma posição coerente. O PSD (o CDS não conta para nada) não vota a favor, nem contra a proposta do PS de revisão do Código do Trabalho. É uma posição incoerente, semelhante à posição do PS sobre esta matéria há 5 anos. Contudo, a posição do PSD ajuda o PS: a presente proposta de Código do Trabalho não está feito à medida da «direita»; e tanto assim é que o PSD (e o CDS, também) não a vota favoravelmente. Este não é um argumento formal; é substancial. Se não é um argumento substancial, o PSD está de rastos e a pesca em águas turvas vai, mais cedo ou mais tarde, reduzi-lo à expressão eleitoral do PCP e do BE."
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