O que é extraordinário nesta cruzada presidencial em defesa da política é o quanto ela não joga com a personagem que Cavaco meticulosamente construiu ao longo de grande parte da sua vida pública. O homem que não lia jornais; o voluntarioso governante que só pedia que o deixassem trabalhar em paz—leia-se: sem ser importunado por minudências democráticas; o professor que sempre fez gala de não ser um político; o mui democrático pensador que defende que pessoas com a mesma informação chegam necessariamente às mesma conclusões. Já para não falar da sua recente visita à Madeira, onde terá feito tudo menos “zelar pelo regular funcionamento das instituições”. Tudo isto contraria o que agora tanto o preocupa. O que interessa verdadeiramente não é o que ele agora, majestaticamente, defende recorrendo aos seus estudos científicos. O que importa foi o seu exemplo e a persona que construiu desde que decidiu fazer a rodagem do carro para os lados do cabo mondego. A ideia de que ele lá foi sobretudo por razões mecânicas é, simbolicamente, reveladora da verdadeira substância da personagem.
1 comentário:
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