4 de março de 2008

"Paulo Portas acusou um ministro, e até o meteu em tribunal, por considerar que este lhe fez graves "insinuações pessoais". Tanto quanto consegui entender, perguntando a toda a gente à minha volta, a insinuação foi de que as explicações que Paulo Portas deve pelos casos suspeitos que o seu partido acumulou quando esteve no Governo não se branqueiam como os dentes "na cadeira do dentista".
Era isto? Uma comparação entre os dentes brancos do político e as manchas do seu partido? É isto uma grave insinuação pessoal? Ouça então, Paulo Portas: vá passear. Vá ver se chove. A questão aqui não é o respeitinho que lhe é devido, é o respeito que você deve aos seus concidadãos.
Os seus concidadãos querem explicações civis e políticas sobre o que se passou no caso dos sobreiros, querem saber por que raio recebeu o CDS um milhão de euros às fatias pequeninas em poucos dias, como se explica que os mecenas do partido tenham nomes imaginativos mas poucos outros dados de identificação, se é possível a todos obter "imperceptíveis" alterações legislativas de última hora e a pedido, ou se apenas os casinos o conseguem, e se entre os sessenta mil documentos que você mesmo levou reproduzidos do Ministério da Defesa há dados confidenciais, ou se podemos todos saber quais são. E nada perguntamos sobre os 24 milhões de euros que a construtora dos submarinos depositou no Banco Espírito Santo, embora curiosidade não nos falte.
Perante isto tudo, pode bater o pé e declarar-se ofendido e sugerir insinuações pessoais. Não há quem não enxergue através dessa cortina de fumo."
[Público assinantes]

Rui Tavares

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